VIII: queDAS (1ª parte)
Levantou-se. Após terminar a sesta foi tempo de nova actividade num dia de rotinas há muito definidas. Antes de se sentar junto à janela, encheu um copo com água, e mais uma vez olhou para o envelope que tinha chegado no dia anterior. Ainda não era dessa que lhe pegava. Depois, calmamente, como que para não gastar todo o tempo do mundo, dirigiu-se para a cadeira colocada de forma milimétrica à frente da janela, para dessa forma assistir ao correr do mundo. No ar sente-se um cheiro a mofo, diria que o pouco uso dado a visitas desta sala resultou numa contínua perda de interesse no aprumo higiénico da mesma por parte da Dona Maria.
Antes de prosseguir, apresento-lhe a Dona Maria. Como já se deverá ter apercebido, Dona Maria, assim tratada com reverência por toda a vizinhança é uma das mais antigas moradoras do Bairro. Ninguém sabe à quanto tempo ela lá está, a não ser o velho papel do registo camarário, mas esse, bem esse não fala senão quando auscultado… No entanto ela sabe exactamente quando, de onde e digamos sem grande perda no que toca à realidade como chegaram até aqui todos os moradores do Bairro. A Dona Maria é assim, a avó do Bairro. Aquela a quem todos os petizes vêm pedir uma fatia de bolo quando do seu apartamento nasce um cheiro irresistível ao paladar infantil a tarte de maçã; aquela a quem todos os adultos vêm pedir concelhos, aquela que chegada à sua proveta idade não tem contemporâneos da sua infância para recordar velhas aventuras ou namoricos… Dona Maria, é apesar de tudo isso, uma mulher simples, marcada por uma vida dura e preenchida, que a moldaram lenta mas profundamente a sua forma obstinada de ser, mas já resignada ao resto que lhe resta desta sua viagem. Porém, voltemos ao importante: o que faz a Dona Maria?
Prepara o seu instrumento de diversão de todos os dias. Ali sentada, contempla como no primeiro dia uma das prendas de aniversário. O cheiro a nova mantém-se tal como nesse dia, que já parece tão longínquo, mas que não foi há mais do que uma semana, tem destas coisas a memória de uma menina, por vezes, o tempo é apenas aquele dos bons momentos, e se esses rareiam, tornam mais curto o tempo de vida, mas se abundam multiplicam-no. Ali, com o seu sorriso marcado pela falta dos dois incisivos do maxilar superior (resultado de uma das diversões recentes), inocente, descontraído, Ana, ganha impulso para mais uma vez subir no seu cavalo rompante e a pedal vergar todos os obstáculos que o parque do Bairro possa impor. Assim, avança determinada a que hoje seja ela a partir tudo o que lhe apareça, e não seja esse tudo a partir-lhe a determinação. Avança, num ritmo certo pelo passeio em direcção ao relvado.
Antes de prosseguir, apresento-lhe a Dona Maria. Como já se deverá ter apercebido, Dona Maria, assim tratada com reverência por toda a vizinhança é uma das mais antigas moradoras do Bairro. Ninguém sabe à quanto tempo ela lá está, a não ser o velho papel do registo camarário, mas esse, bem esse não fala senão quando auscultado… No entanto ela sabe exactamente quando, de onde e digamos sem grande perda no que toca à realidade como chegaram até aqui todos os moradores do Bairro. A Dona Maria é assim, a avó do Bairro. Aquela a quem todos os petizes vêm pedir uma fatia de bolo quando do seu apartamento nasce um cheiro irresistível ao paladar infantil a tarte de maçã; aquela a quem todos os adultos vêm pedir concelhos, aquela que chegada à sua proveta idade não tem contemporâneos da sua infância para recordar velhas aventuras ou namoricos… Dona Maria, é apesar de tudo isso, uma mulher simples, marcada por uma vida dura e preenchida, que a moldaram lenta mas profundamente a sua forma obstinada de ser, mas já resignada ao resto que lhe resta desta sua viagem. Porém, voltemos ao importante: o que faz a Dona Maria?
Prepara o seu instrumento de diversão de todos os dias. Ali sentada, contempla como no primeiro dia uma das prendas de aniversário. O cheiro a nova mantém-se tal como nesse dia, que já parece tão longínquo, mas que não foi há mais do que uma semana, tem destas coisas a memória de uma menina, por vezes, o tempo é apenas aquele dos bons momentos, e se esses rareiam, tornam mais curto o tempo de vida, mas se abundam multiplicam-no. Ali, com o seu sorriso marcado pela falta dos dois incisivos do maxilar superior (resultado de uma das diversões recentes), inocente, descontraído, Ana, ganha impulso para mais uma vez subir no seu cavalo rompante e a pedal vergar todos os obstáculos que o parque do Bairro possa impor. Assim, avança determinada a que hoje seja ela a partir tudo o que lhe apareça, e não seja esse tudo a partir-lhe a determinação. Avança, num ritmo certo pelo passeio em direcção ao relvado.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home