quinta-feira, dezembro 14, 2006

IX: Tróias (3ª parte)

Chegada a casa: só ela e mais ninguém. A comédia grega terminara. Tirou as sandálias. A tristeza poderia voltar a ganhar o seu lugar.
Como sempre, comeu um pão com uns restos de comida que restavam no frigorífico acompanhados pelo iogurte que ajudara a vender na última campanha. Na televisão o mesmo de sempre: o embrutecedor de mentes brilhava.
Chegava a hora de dormir para ficar pronta para mais um dia de trabalho, para mais umas grandes ideias surgirem. Antes um banho calmo e lento, a leitura do romance igual a tantos outros, de tal modo que nem Helena sabia porque ainda o lia. Depois, o descanso.
Da rua chegavam apenas os sons de um ou outro transeunte a caminhar para casa, ou não. Helena caiu no reino de Morfeu. Ali estava ela novamente naquele passeio calcetado a afugentar as pombas, iria ser uma grande aviadora e voar como elas, da rua ouviu o barulho de um cavalo com um belo cavaleiro a montá-lo. Acordou.
Na rua já não se ouvia qualquer barulho humano. A noite vencera. Voltou a adormecer.
O despertador tocou, cortando por momentos o som metronómico do relógio. Na rua o trânsito feroz ganhava vida e o maralhar de gente que todos os dias pululavam as ruas iam aparecendo. No interior do quarto havia luz, o sol já ia alto e através do filtro das frestas das persianas inundava os olhos fechados de Helena.
Helena não acordou.

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